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Re-pensando os cuidados de maternidade: de paciente para consumidora


Neste momento, a taxa de cesariana nos Estados Unidos e na Europa é cerca de 30%, com Portugal liderando os países Europeus com 35%. Para mais info clicar aqui e aqui.

A maioria das mulheres hoje em dia dá à luz no hospital.

São frequentemente tratadas como um conjunto e não como um individuo. Onde intervenções de rotina são efectuadas sem distinção entre as mães, por pura rotina.

São frequentemente desrespeitadas tendo so seus planos de parto atirados para uma gaveta e onde o protocolo e politica do hospital prevalece sempre.

São frequentemente deixadas sozinhas após o nascimento, enquanto o seu bebé e levado para banhos e para procedimentos desnecessários de rotina.

Com demasiada frequência, as mulheres sentem-se tristes, com medo, e desencantadas depois de dar à luz, uma das experiências mais transformadoras da sua vida que devia ser tudo menos uma decepção.

Como podemos mudar e melhorar os cuidados de maternidade para que os bebés e as mães estejam seguros, e as mulheres possam entrar no seu papel de mãe com confiança e alegria?

Uma maneira de cada um de nós ajudarmos a fazer mudar e melhorar os cuidados de maternidade é uma mudança de paradigma simples:

As mulheres devem-se começar a ver como consumidores, em vez de pacientes.

Vamos olhar para as diferenças.

A parturiente que se vê como uma paciente:

  • Acredita que a gravidez e o parto são como uma doença e deve ser tratada como tal;

  • Confia unicamente no parecer e aconselhamento do seu profissional de saúde materna;

  • Escolhe o profissional de saúde que está mais próximo, mais conveniente e mais barato;

  • Está numa posição sem poder, à mercê de seu médico, o especialista.

A parturiente que se vê como consumidora:

  • Compreende que a gravidez e o parto são funções biológicas normais, mas vai procurar um guia através para passar por este processo, para garantir que a sua segurança e do seu bebé estejam acima de tudo;

  • Encontra conforto na sua própria sabedoria a respeito do nascimento e tomará a iniciativa de ler, aprender e educar-se para poder estar à altura de compreender tudo sobre o nascimento do seu bebé;

  • Procura um profissional de saúde que é uma boa parceria para seus desejos de nascimento. Isso pode exigir a investir tempo, energia, dinheiro e atravessar grandes distâncias a fim de o encontrar;

  • Está numa posição de poder onde ela pode defender-se e tomar decisões junto com seu provedor.

Consegue ver a diferença?

Pode imaginar a diferença que faria em cuidados de maternidade, se as mulheres se vissem como participantes activas, experientes e com poder de decisão em vez de vítimas fracas e indefesas de um sistema de saúde que na generalidade não zela pelo bem estar maternal?

Custa a acreditar que os hospitais e profissionais de saúde sejam simplesmente “sanguessugas” que queiram arrancar dinheiro e que se esforcem apenas para ter o maior lucro. Não acredito que eles sejam sempre os maus da fita.

Enfermeiros e médicos muitas vezes estão presos pela política e protocolos dos Hospitais e estas regras/procedimentos são muitas vezes baseadas no medo.

Não defendo que entremos, de armas em punho, exigindo um tratamento melhor, mas vejo como encorajador e bastante benéfico uma simples mudança na forma como nos vemos e a forma como vemos os nossos provedores de cuidados de saúde.

Profissionais de saúde estão a fornecer um serviço, e um serviço que tem um preço muito grande.

Não veja o seu profissional de saúde como o seu adversário ou o seu salvador, mas simplesmente como o seu prestador de cuidados de saúde, um serviço que paga e que quer usufruir como deseja.

Esta a comprar um serviço. E o nascimento não é uma revisão de um automóvel ou um bem de consumo - é um evento de vida profundamente importante.

Se o seu profissional de saúde ou Instituição de saúde onde pretende ter o seu o bebé não pode atender às suas necessidades e desejos, não fique desanimada.

Siga em frente até encontrar alguém que possa.

Não esquecer de informar o porquê de desistir destes serviços.

"Encontrei um hospital diferente, porque as políticas desta Instituição não são amigas da mãe ou o bebé. É realmente importante para mim que eu não seja separada do meu filho após o nascimento e que eu tenha bons recursos ao apoio da amamentação e apoio pós-parto. Infelizmente, aqui não me podem proporcionar isso. "

“Após as nossas consultas iniciais penso que não seja a pessoa certa para me acompanhar no nascimento do meu bebé. Os seus procedimentos e exames de rotina, as suas recomendações e a sua taxa de partos instrumentais fizeram-me procurar outro profissional de saúde que vai mais de encontro com os meus desejos. Acredito que seja um óptimo provedor de saúde, mas não para mim”.

Ver Hospitais amigos dos bebés e Recomendações para o parto normal.

Esta abordagem será muito mais eficaz do que tentar "convencer" o seu provedor de saúde que deve respeitar o seu plano de parto ou "provar" com estudos que você deve ser capaz de segurar o seu bebé imediatamente após o nascimento e tê-lo consigo durante a sua recuperação pós-parto.

Mas não “desapareça” dessa Instituição de Saúde ou desse consultório. Diga-lhes porque o esta a fazer. E importante que saibam que as suas praticas não atendem aos seus desejos e muito provavelmente aos desejos de muitas outras mães.

Se já começou a discutir com o seu profissional de saúde e esta a tentar convencê-lo de que é um adulto competente que pode tomar decisões autónomas, então talvez não seja o seu parceiro ideal, a menos que queria ser tratada dessa forma.

Não lute. Não grite. Não se sinta mal. Não desista.

Informa-se e oiça.

Tome uma decisão e, em seguida, não tenha medo de seguir em frente.

A questão principal é que os hospitais estão a gerir um negócio. Um negocio como outro qualquer com produtos e serviços, clientes, reclamações e louvores, e muito importante, lucro.

Se as pessoas não estão felizes com o que eles estão a oferecer, deixam comentários negativos, fazem reclamações ou simplesmente escolhem outra empresa para pagar por esses serviços, eles vão ter de mudar.

Eles vão perder clientes – não pacientes – e dinheiro e eles vão ter que mudar.

Algumas mulheres estão cientes disso. Infelizmente, não são o suficiente. Mulheres que fazem escolhas diferentes relativamente aos cuidados de maternidade ainda não são muitas.

Se o hospital na sua localidade, com a maior taxa de cesariana e com políticas hostis para com o bebé e mãe de repente visse uma queda de 60% na sua clientela de maternidade – adivinhem! - mudariam os seus protocolos e politicas de cuidados maternos.

Eles teriam de mudar ou iriam ter de sair desta área de negocio.

Mas se continuarmos a frequentar aquele hospital horrível sem reclamar, sem deixar comentários, sem questionar, aí eles vão continuar a ganhar dinheiro, vão continuar a manter a sua reputação de salas cheias e hospital perfeito e nunca vão mudar. Eles não têm nenhuma razão para isso.

O segredo nos cuidados de maternidade é que as mulheres realmente têm todo o poder.

Não são as companhias de seguros. Não são os hospitais. Não são os prestadores de cuidados de saúde.

São as mulheres.

A mãe escolhe por quem quer ser seguida e por quem não quer.

A mãe escolhe o tipo de cuidado que quer e o que não quer.

A mãe escolhe o local de nascimento que vai de encontro aos seus desejos de parto.

Uma mãe que é uma consumidora, não vai tomar decisões baseadas em caprichos ou modas ou rotinas.

Ela vai verificar comentários.

Ela vai falar com outras mães que sabem o que acontece neste ou naquele hospital.

Ela vai perguntar a sua educadora pré natal que hospitais podem dar-lhe o tipo de cuidados que ela deseja.

Ela vai perguntar a sua doula em que hospitais ela gosta de trabalhar.

Ela faz uma decisão educada e informada.

Todos temos limitações a fazer escolhas e neste caso, seguros, dinheiro, e a proximidade a instituição de saúde de preferência vai influenciar a nossa capacidade de fazer escolhas sobre a assistência ao parto.

São escolhas difíceis. Às vezes, não são as escolhas mais baratas. Às vezes, não são as escolhas mais próximas. Talvez terá de conduzir uma ou duas horas para o seu local de nascimento de preferência. Talvez vai escolher alguém que esteja fora da rede do seu seguro. E às vezes nenhuma das escolhas será ideal.

Infelizmente esta é a realidade dos dias de hoje e não será fácil mudar. Mudar não é fácil.

Porém, o sistema terá de mudar se esta mudança de consciência se alterar, porque as mulheres, em última análise, têm o poder de mudar os cuidados de maternidade.

Fonte: How Using Our Power as Consumers Could Change Maternity Care - Sarah Clark on January 15, 2016

http://www.mothering.com/articles/using-power-consumers-change-maternity-care-better/

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